quinta-feira, janeiro 31, 2008

Tables2Graphs

Dois gráficos - o termo "geniais" ocorre-me mas pode ser algum exagero - de Charles Franklin sobre as sondagens da Super Tuesday. Mas insisto: são geniais porque num mesmo gráfico se vê:

1. As vantagens de Clinton/McCain sobre Obama/Romney em cada estado;
2. A importância relativa de cada estado em termos de delegados;
3. As tendências.

Mais e melhor seria difícil. Um exemplo de como vale a pena aderir a este "movimento".

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Edwards

Edwards abandona. Por agora não apoia Clinton ou Obama. Resta saber - as sondagens ainda não medem isso - o efeito do apoio dos Kennedy a Obama. Mas isso não deve chegar. O que poderia ainda lançar incerteza sobre o dia 5 - talvez a única coisa que o poderia fazer - seria o apoio de Edwards a Obama.

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A propósito das eleições americanas, não posso deixar de anunciar a vinda ao ICS de Michael Werz, fellow do German Marshall Fund, para uma palestra sobre o tema, já em rescaldo da Super Tuesday. O título é The Two Year Campaign: Remarks on the most unusual American Election since World War II. Vai ser dia 14, às 17.00h. Mais informações aqui.

E no dia seguinte vai à FLAD, para uma palestra sobre as relações entre os EUA e a Europa. É aproveitar, que vai certamente valer a pena.

Clinton e McCain

...ganharam na Florida. Giuliani cai fora, e apoia McCain. Para os três estados mais importantes da Super Tuesday - Califórnia, Nova Iorque e Nova Jérsia - ambos lideram as sondagens, com vantagens, no caso de Clinton, confortáveis. Georgia e, claro, Illinois, parecem ser, de momento, os únicos em que Obama pode ganhar. Não sei o que vos parece, mas a coisa começa a ficar com ar de encerrada.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Sem título, técnica mista sobre papel, 2008

"Atenção: não há três mas sim cinco tempos verbais; além do passado, do presente e do futuro, todos tempos finitos, há ainda dois tempos infinitos - o nunca e o sempre"

Paulo Teixeira Pinto
(na sua crónica no suplemento NS, do DN, no passado dia 26, que continha também por um poema da sua autoria, um texto sobre o International Klein Blue e uma citação do Almada Negreiros)

South Carolina

Os erros foram maiores que em New Hampshire, mas como o vencedor foi o esperado nem se nota. Funny how the psychology of poll numbers works.

Se o vencedor foi o esperado, é magnitude da vantagem que espanta. Mas a pergunta central é esta:

There is a simple explanation for Obama's victory last night: he won African American voters. They constituted 53% of the vote, and 80% of them went for Obama. This is an incredible result. Of this there is no doubt. But it invites a question - can Obama win white voters?

E a resposta é: sim, não e talvez. Pronto, ficamos assim.

Links

Gosto do bacalhau.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Sampaio/Cavaco: as consequências da coabitação para a função de popularidade do PR (a olhómetro, para já)

Um gráfico muito simples, mostrando os saldos entre opiniões positivas e negativas para Sampaio e Cavaco nos barómetros Marktest e Eurosondagem, o primeiro entre Março de 2005 e Março de 2006 e o segundo deste então. Ambos mostram o declínio de Sampaio durante o primeiro ano de mandato do actual governo e uma recuperação final. Deste ponto de vista, é um espelho do que se passou com a popularidade do Primeiro Ministro no mesmo período.




Mas com Cavaco, a história é algo diferente. Para além de mostrar a velocidade alucinante com que Cavaco deixou de ser o "Presidente da direita" e chegou aos níveis "base" de alta popularidade de um Presidente da República, o gráfico mostra também como Cavaco é menos vulnerável ao declínio da popularidade do Primeiro Ministro desde o início de 2007. Na Marktest - onde a descida de Sócrates é mais visível - Cavaco está trendless. Na Eurosondagem, há declínio, mas ligeiro. A coabitação - ou falta dela - tem consequências.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Rescaldo Nevada e SC e o que se segue

Como se pode ver por aqui, aqui e aqui, as sondagens não se portaram mal nestes dois estados. O que segue, dia 26, é a Carolina do Sul para os Democratas, onde tudo sugere uma vitória de Obama: 10 pontos de vantagem na média das últimas quatro sondagens e favoritismo claro nos mercados electrónicos. Segue-se depois a Florida para os dois partidos, no dia 29, última etapa antes da Super Tuesday no dia 5 de Fevereiro (os Republicanos ainda têm o Maine antes disso no dia 1).

Curiosamente, segundo parece (e confesso-me algo perdido nos meandros do caos eleitoral americano), nenhum mandato será atribuído nas primárias do partido Democrata na Florida, e apenas metade nas do partido Republicano, pelo facto de terem sido antecipadas contra a vontade dos órgãos nacionais dos partidos. Mas isso retira pouco à importância deste estado. Será crucial para Giuliani, cuja vantagem inicial parece, à luz das sondagens, ter-se evaporado. McCain começa a parecer - relutantemente - o frontrunner, mas evitar um GOP dividido após a Super Tuesday pode em grande medida depender do que suceder na Florida. E depois da presumível vitória de Obama em SC, era importante para ele que conseguisse evitar ou mitigar a vitória que se antevê para Clinton na Florida, para que seja o showdown no dia 5 a resolver o assunto a favor de um ou de outro.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

A blogosfera e a política

A blogosfera chegou às ciências sociais "sérias" (a Economia e a Ciência Política, portanto*): o último número (duplo) da Public Choice (no less) é dedicado ao tema Blogs, Politics and Power. Ainda não li uma linha, a não ser a Introdução:

"Blogs are not only more than a passing fad; they are a major topic for research both because they affect politics in their own right, and as a means of approaching important questions for the social sciences more generally."

A ler urgentemente.


*Os psicólogos (sociais) são sérios quando trabalham em articulação com uma delas. Hate mail de sociólogos, antropólogos e historiadores pode ser enviado para o endereço acima. Economistas que acham que a Ciência Política não é seria não precisam de escrever, que eu já sei. Cientistas que acham que "ciência social" é um oxímoro não lêem este blogue. :-)

Florida or bust

Giuliani apostou tudo na ideia de que nenhum momentum claro iria emergir das primárias nos pequenos estados - "early chaos" - e que, logo, o melhor era fazer o mais racional à luz do sistema eleitoral: apostar tudo nos grandes estados. O primeiro é a Florida, no dia 29.

Mas, há um pequeno problema:

1. Milagrosamente, McCain voltou ao mundo dos vivos. Mais: está a subir em todos os próximos estados e nas sondagens nacionais. O early chaos é menos caótico do que parece.

2. Florida está cada vez menos segura para Giuliani. As últimas cinco sondagens colocam-no atrás de McCain e Giuliani já não é o favorito nos mercados electrónicos. Se perde Florida, não é apenas Florida: é toda uma estratégia eleitoral que vai parecer, à luz dos analistas e dos eleitores, ter ido pelos ares.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Nevada, dia 19

Nas sondagens, e entre os Democratas, Obama aproxima-se de Clinton (a sondagem mais recente tem Obama com 2 pontos de avanço). Entre os Republicanos, entre estimativas pontuais e tendencias, é a confusão total. Neste momento, os mercados apostam em Obama e Romney.

Hirschman

"With this argument, the reactionary takes on once again the progressive’s clothes and argues as though both the new and the old progress were desirable, and then shows typically how a new reform, if carried out, would mortally endanger an older, highly prized one that has only recently been put into place. The older, hard-won conquests or accomplishments, so it is argued, are still fragile, still need to be consolidated and would be placed in jeopardy by the new program. I therefore call this argument the jeopardy thesis."

"Once again, then, a group of social analysts found itself irresistibly attracted to deriding those who aspire to change the world for the better. And it is not enough to show that these naive Weltverbesserer (world improvers) fall flat on their face: it must be proven that they are actually, if I may coin the corresponding German term, Weltverschlechterer (world worseners) , that they leave the world in a worse shape than prevailed before any 'reform' had been instituted."

"I hope that I will have convinced the reader that it is worthwhile to trace these theses through the debates of the last two hundred years, if only to marvel at certain invariants in argument and rhetoric, just as Flaubert liked to marvel at the invariant bêtise of his contemporaries. To show how the participants in these debates are caught by compelling reflexes and lumber predictably through certain set motions and maneuvers (...) My account and critique of the lines of argument most commonly used on behalf of reactive/reactionary causes could serve to make advocates of such causes a bit reluctant to trot out these same arguments over again and inclined to plead their case with greater originality, sophistication, and restraint. Second, my exercise could have an even more useful impact on reformers and sundry progressives. They are given notice here of the kinds of arguments and objections that are most likely to be raised against their programs. Hence, they may be impelled to take extra care in guarding against conceivable perverse effects and other problematic consequences."

Albert O. Hirschman, "Two Hundred Years of Reactionary Rhetoric: The Case of the Perverse Effect", Tanner Lectures on Human Values, 1988 (obrigado à Mónica pela lembrança)

Iraque/Vietname

Apesar das melhorias reais no terreno, as mudanças na opinião pública são imperceptíveis. A última sondagem da Gallup sobre o Iraque é já de meados de Dezembro passado. O primeiro gráfico mostra a evolução das respostas à mesma questão colocada também pela Gallup sobre o Vietname, em sondagens realizadas a partir de 1965, e numa escala temporal aproximada (com 100 dias de diferença):


Balões de oxigénio

Para Romney (que ganha em Michigan), para as sondagens (que, numa análise geral, colocavam Romney em ligeira vantagem) e para os mercados electrónicos (que, correctamente, deram no final menos hipóteses a McCain do que as próprias sondagens).

Clinton ganhou? Sim, claro. Mas perdeu entre o eleitorado negro.

O excelente Jay Cost:

"Tonight's results are another indication that African Americans are breaking his [Obama's] way. The Clinton campaign should be worried about this. It appears as if Obama might be able to take an important part of the traditional Democratic coalition. He is thus moving beyond the relatively narrow appeal of previous "insurgent" Democratic candidates like Bill Bradley and Gary Hart. This is bad news for Clinton."

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Dois genes

Um paper com uma explicação genética para a participação eleitoral. Vou começar a preencher os papéis do subsídio de desemprego.

Michigan

Para os Democratas, é simples: Clinton será a candidata mais votada. Obama e Edwards não aparecem nos boletins. Mas a coisa é complicada. Tudo explicado aqui.

Para os Republicanos, Romney e McCain taco-a-taco nas sondagens (fonte: Pollster) e nos mercados electrónicos. As primeiras dão ligeira vantagem a Romney, os segundos a McCain (à hora a que escrevo isto) mas ambos sinalizam subida na fase final para Romney,






Entretanto, os recentes ataques mútuos de Obama e Clinton revelam a enorme delicadeza das circunstâncias desta eleição e os riscos que as campanhas negativas comportam para estas candidaturas (mais para Clinton do que para Obama, parece-me).

Popularidade

Com os novos dados da Eurosondagem de Janeiro de 2008, o saldo entre opiniões positivas e negativas para Sócrates, Cavaco e Menezes (sendo que, para este último, há ainda poucas observações). A discrepância entre os resultados da Marktest e da Eurosondagem para Sócrates permanece.





Sarko em descida





O tratamento das sondagens na imprensa

Vale a pena ler o artigo de ontem (para assinantes) do Provedor do Leitor do Público.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Dois e-mails

"Os seus posts sobre o falhanço das sondagens sobre as últimas primárias levantou-me uma dúvida. Não poderemos estar perante um caso em que as sondagens anunciadas possam ter tido uma influência sobre o comportamento dos eleitores, quer em termos de escolha como de abstenção?"

Num post antigo, escrevi sobre os efeitos das sondagens no comportamento, mencionando o estudo mais exaustivo sobre a matéria que conheço. Os resultados são inconclusivos. Creio que este caso ilustra novamente as dificuldades associadas a estimar o efeito das sondagens. Parece mais ou menos evidente que, para entre os eleitores que se decidiram mais tarde, Clinton teve vantagem. Mas como isolar os efeitos da imensidão de factores se escondem por detrás desse "mais tarde"? As sondagens que davam um bounce para Obama, produzindo uma reacção de mobilização dos eleitores de Clinton e/ou desmobilização dos eleitores de Obama? Talvez. Mas as lágrimas de Hillary? Talvez também. O último debate? Por que não? Os estudos que recorrem ao método experimental, que se dão num contexto de randomização de grupos (permitindo portanto isolar de forma clara o efeito das sondagens de outros efeitos) sugerem que elas produzem efeitos significativos. O problema, claro, é a validade externa desses estudos. Não creio que consigamos ter tão cedo uma resposta para estas questões.


"Gostaria de deixar duas notas, que podem ser relevantes sobre este tema: 1) O poder predictivo dos information markets, não é avaliado em função de resultados absolutos. A avaliação do interesse deste tipo de mecanismo, deve ser efectuada por comparação com outros métodos A questão relevante é determinar se, em cada momento do tempo, existe outra fonte de informação com maior poder predictivo.

A comparação entre os information markets e as sondagens tradicionais, foi objecto de estudos extensos e detalhados, em que as conclusões tendem a favorecer os Information Markets. Será ainda mais assim, se incorporarmos os custos de obtenção de informação e o seu atraso.

2) A audiência: em nenhum destes textos se refere que os Mercados apresentados são de âmbito nacional, enquanto estas "eleições" (podemos chamar isto?) são locais. Sendo assim, a ausência de informação adicional de uma larga maioria de participantes e o Teorema do Júri de Condorcet, são bons principios de explicação para as, supostas, más previsões."



Dois comentários:

1. Não creio que seja verdade que as conclusões dos estudos existentes tendam a favorecer invariavelmente uma maior capacidade preditiva dos prediction markets. Num post anterior encontra já um que chega à conclusão contrária. Ou melhor: à conclusão de que uma visão realista da forma como uma sondagem pode servir como elemento de previsão revela a ausência de superioridade dos prediction markets (eles próprios altamente influenciados, como se sabe e se viu, pelas sondagens). E mesmo os defensores dos prediction markets detectam vários enviesamentos e avançam dúvidas. Ver aqui, por exemplo.

2. Concordo com o problema que resulta da assimetria de informação entre a minoria dos participantes com informação "local" e a maioria dos participantes sem ela, sem dúvida.

Finalmente: não intepretem o meu post anterior sobre o tema como uma condenação geral dos prediction markets. Por forças ou fraquezas que tenham, alguma informação útil hão-de dar. E não é um caso isolado, como NH, que serve para chegar a veredictos. Agora que NH serviu para evidenciar fraquezas, lá isso serviu.

Outlier: as palavras e os actos

Os políticos portugueses gostam muito de aludir aos resultados dos estudos de sociológos e politólogos como eu e muitos outros a propósito do cepticismo e da descrença dos eleitores em relação à política, aos políticos e aos partidos. Gostam de dizer que isso os preocupa e que gostavam de contribuir para a resolução do problema, como se se tratasse de uma espécie de catástrofe natural sem intervenção humana. E maneira como se propõem resolver o problema é sugerindo mil e uma "reformas institucionais". Eu gostava de acreditar neles. Mas os actos falam mais alto que as palavras. Não há "reforma institucional" que valha para compensar as consequências daquilo que o governo fez nos últimos dois dias.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Help or hindrance?

Kerry apoia Obama.

Teorias sobre o fiasco das sondagens em NH

Para todos os gostos, mas alguma convergência naquelas que têm já algum apoio empírico:

1. What was going on with the New Hampshire polls? Excessiva filtragem dos votantes menos prováveis, ponderações amostrais e o "Bradley effect" (eleitores dizem que votam em candidato negro e depois não o fazem)..

2. Why presidential polls are wrong? Recuperação de última hora de Hillary.

3. Pollsters Review Tactics After Forecast `Fiasco' . Recuperação de última hora de Hillary.

4. Pollsters flummoxed by New Hampshire primary. The New Hampshire contrarians.

5. Ballot Changes Cited in Vote's Discrepancy With Polls. A ordem dos candidatos nos boletins. isto é para levar a sério: Krosnick é uma das pessoas na academia que mais sabe sobre sondagens.

6. New Hampshire: So What Happened? Recuperação de última hora de Hillary e "Bradley effect".

7. Why were the polls wrong in New Hampshire? Mostly all of the above, excelente síntese por Anthony Wells.

E outras aqui, aqui e até uma conspiração aqui. Uma síntese (irónica): How the world will explain Clinton’s win despite final polling showing her way behind Obama

"Didn’t factor in the 24 hours of tears? The fact that New Hampshirites like to make news? That independents turned out for McCain and Clinton as well as for Obama? That without Huckabee as a factor, the McCain-Romney fight was taken more seriously in the end? That all those comments that she was bussing in people from New York and Massachusetts to pad the crowds were the nonsense some always suspected them to be? That Bill Clinton acting out and saying crazy things reminded people that they were once sympathetic to his wife? That her debate performance was mocked by the pundits but loved by the voters? The lingering impression of Billy Shaheen’s pre-Iowa words? The shadowy hand of Michael Whouley? That negative attacks — through the mail on issues such as abortion — work? The appeal of Clinton to 20 somethings? The 'doer versus talker' message? All those prominent women supporters in a state that has a lot of women elected leaders? The Chris Matthews hug? That Obama has limited appeal to blue-collar Democrats in places like Epping? That she took questions in town meetings at the end, which New Hampshire voters really like? That Obama had a Tom Bradley-Doug Wilder problem? More coming…."

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Mudando de assunto (ou, num certo sentido, não)...



Fonte:Ellen Nolte e C. Martin McKee (2008), "Measuring the Health of Nations: Updating an Earlier Analysis", Health Affairs 27: 58-71. Resumo aqui.

Citações:
"The concept of amenable mortality - that is, deaths from certain causes before age 75 that are potentially preventable with timely and ef-fective health care - was developed in the 1970s to assess the quality and performance of health systems and to track changes over time. (...) In a Commonwealth Fund-supported study comparing preventable deaths in 19 industrialized countries, researchers found that the United States placed last. While the other nations improved dramatically between the two study periods—1997–98 and 2002–03—the U.S. improved only slightly on the measure."

"The largest reductions in amenable mortality were seen in countries with the highest initial levels, including Portugal, Finland, Ireland, and the U.K, but also in some higher-performing countries, like Australia and Italy. In contrast, the U.S. started from a relatively high level of amenable mortality but experienced smaller reductions. "

E a cobertura noticiosa do estudo, aqui.

E o outro fiasco...(actualizado)

Bad Bet: Why were the political futures markets so wrong about Obama and Clinton?
By Daniel Gross

"So, I've been watching the action in one of the political futures markets this evening, Intrade. And the action in this prediction market has reinforced my opinion that these are less futures markets than immediate-past markets. The price movement tends to respond to conventional wisdom and polling data; it doesn't lead them. Throughout the day and into the early evening, while polls were still open, Democratic investors, mimicking the post-Iowa c.w. and polls, believed Obama was highly likely to be the Democratic nominee. The Obama contract was trading in the lows 70s, meaning investors believed he had a 70 percent chance of being the nominee, while Hillary Clinton contracts were in the 20s. But between 7 p.m. and 8 p.m., as the Concord Monitor began to post early returns showing Hillary Clinton in the lead, the contracts started to move quickly."

Nobody knows anything
By Paul Krugman
"But to be more specific, the prediction markets — which you see, again and again, touted as having some mystical power to aggregate information, know no more than the conventional wisdom. (...) From inevitability to pitiful failure to front-runner again in just a few days. There’s no hint that the market saw either Iowa or New Hampshire coming, or knew anything beyond the bloviations of the talking heads."

E um paper de Setembro de 2007:
Are Political Markets Really Superior to Polls as Election Predictors?
ByRobert Erikson and Christopher Wlezien
"By our tests, the IEM election markets are not better than trial-heat polls for predicting elections. In fact, by a reasonable as opposed to naïve reading of the polls, the polls dominate the markets as an election forecaster. This is true in the sense that a trader in the market can readily profit by 'buying' candidates who, according to informed readings of the polls, are undervalued. Moreover, we find that market prices contain little information of value for forecasting beyond the information already available in the polls."

Fiasco

A vitória de Hillary Clinton em New Hampshire é daqueles acontecimentos que acabam por ser muito positivos para quem faz sondagens, se bem que não pareça. Quando tudo parece correr bem, ninguém se preocupa em investigar o que falhou, mesmo que muito possa ter corrido mal: pode "acertar-se" pelas razões erradas, ou mesmo por acaso. Mas quando há um desafasamento tão óbvio entre as sondagens e os resultados - a média das últimas cinco sondagens dava 38% para Obama e 31% para Clinton, quando os resultados foram 39% para Clinton e 37% para Obama - não há alternativa se não investigar o que correu mal e claro, aprender. Isto dito por quem, felizmente, não teve de fazer sondagens em New Hampshire...

Há um risco, contudo: a da multiplicação de explicações ad hoc e post hoc sobre o que se passou. Ontem de madrugada, já andava o inefável Wolf Blitzer na CNN a explicar que a lágrima ao canto do olho de Clinton"mostrou o seu lado humano" e que isso pode ter influenciado os resultados e yadda, yadda, yadda. A minha sugestão é que não acreditem. Aliás, não acreditem em nenhuma das dezenas de explicações que vão aparecer agora para dar conta do que aconteceu. Vai passar algum tempo e vai ser precisa muita análise até que se perceba qual ou quais dessas razões poderá estado realmente por detrás do falhanço das sondagens.

No mesmo sentido, ver Gary Langer, sobre o New Hampshire's Polling Fiasco:

"There will be a serious, critical look at the final pre-election polls in the Democratic presidential primary in New Hampshire; that is essential. It is simply unprecedented for so many polls to have been so wrong. We need to know why. But we need to know it through careful, empirically based analysis. There will be a lot of claims about what happened - about respondents who reputedly lied, about alleged difficulties polling in biracial contests. That may be so. It also may be a smokescreen - a convenient foil for pollsters who'd rather fault their respondents than own up to other possibilities - such as their own failings in sampling and likely voter modeling."

segunda-feira, janeiro 07, 2008

E o antónimo de "momentum" é...



Momentum em acção






Obama e os efeitos de Iowa para NH

Algumas ideias:

1. NH: View from Sunday Morning, no habitual Pollster. Merece ser lido integralmente, mas:

"Obama is certainly rising, the only question is by how much;"

"Firm conclusions are premature for two important reasons. The first involves the issue of weekend interviewing, or more specifically, surveys based on interviews completed entirely on Friday night and Saturday. (...) The second and more important reason to be cautious about this Sunday morning snapshot is that New Hampshire voters are still in the midst of a difficult decision;"

"I cannot point to an academic study to prove this, but most campaign pollsters will tell you that when a candidate is gaining, vote preference is usually the last thing to change. The movement usually shows up first on internal measures."


2. Polls Picking Up an Obama Surge?, no também habitual The Fix:

"In the days since Clinton's third-place finish in Iowa, her campaign has insisted that New Hampshire would pay little attention to what happened in the Hawkeye State. "Voters in New Hampshire are fiercely independent," argued Clinton deputy communications director Phil Singer in the spin room following last night's Democratic debate. 'They make their own decisions [based on] what they see, not what happens in other places.' Tonight's polls seem to contradict that argument."

"Unlike in years past, however, there is so little time between the votes in Iowa and New Hampshire that even a temporary bounce could be enough to carry Obama to victory in the primary, a win that would be another major step forward in his quest for the nomination."

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Um ponto adicional sobre Iowa...

...é o seguinte (e que me foi sugerido hoje ao almoço pelo José Tavares): quando olhamos para os resultados das sondagens "à boca das urnas" (por assim dizer), vemos que não há uma grande correlação entre o voto em Obama e características socio-demográficas ou mesmo atitudinais dos eleitores. Obama dominou em quase todas as "auto-identificações ideológicas" e níveis de rendimento. As correlações mais fortes são com a idade e com o estado civil (provavelmente espúria esta última), mas isso, como vimos aqui, é o sinal de uma vantagem na capacidade de mobilização de novos eleitores. Isto não se passa da mesma forma com os candidatos republicanos, cada um deles aparentemente mais representante de determinados segmentos ou nichos do eleitorado. Se a isto somarmos o facto de um negro ter ganho num estado de brancos religiosos e conservadores, temos aqui duas coisas: por um lado, um sintoma da natureza "transversal" da candidatura de Obama; e por outro, um potencial efeito de demonstração que esse facto terá sobre as considerações dos eleitores nas futuras primárias. Há "electability" para dar e vender na candidatura de Obama.

Notas sobre Iowa

1. Obama e os novos eleitores:
"Obama's field operation -- led by Iowa state director Paul Tewes, adviser Steve Hildebrand and caucus director Mitch Stewart-- deserves a MASSIVE amount of credit for the work they did to recruit first-time caucus-goers. The Iowa Democratic Party was estimating turnout at 236,000 -- a huge increase from the 125,000 or so who turned out in 2004 (and an even larger leap over 2000's tiny 59,000 turnout). Tewes and Hildebrand were widely regarded as two of the best in the business, but even those who spoke glowingly of them didn't think they could grow the electorate over 200,000. Well, they did that and much, much more."
E ver isto.

2. A mobilização dos Democratas
"Republicans could well be in deep, deep trouble next November if turnout patterns in tonight's Iowa caucuses are born out across the country. More than 230,000 Democrats turned out, more than double the number of Iowa Republicans who did the same. The energy deficit has been clear for much of the past few years and led to Democrats' gains in the House and Senate in 2006. That chasm appears to be growing wider."

3. Iowa é importante, mas apenas na medida em que influencia New Hampshire:
"New Hampshire is the early state that has the biggest impact. Not Iowa. Iowa has a habit of picking losers. It is easy for media types to forget that because in its most recent outing, 2004, it single-handedly determined the winner. But historically, Iowa does not make much of a big ripple nationwide. The big question: will Iowa move New Hampshire? Obama needs it to. He is in second there right now. We don't have an answer yet - and history provides a mixed message. Sometimes Iowa does move New Hampshire. Sometimes it doesn't."
Ver também aqui.

4. Romney é o candidato dos Republicanos anti-Bush. Não parece que isso lhe seja particularmente favorável.
"Tonight was bad for Romney. Really bad. He lost by a lot. He lost by more than anybody expected. He lost after having led for a year. He lost after a monumental effort. This loss was bigger than Clinton's. He is not his party's frontrunner. He cannot afford to lose a state he tried so hard to win. Worse for Romney - McCain had already surged ahead of him in New Hampshire prior to tonight's loss."

"The press is not interpreting this as 'Clinton ties Obama among Democrats in entrance poll' or 'Mormon Romney finishes strong second in evangelical Iowa.' This matters. Watch how the press continues to interpret these results over the next few days. It is the source of information for persuadable voters in New Hampshire."
Resumo:
- Nos Democratas. Iowa acaba com Edwards. Agora é só entre Obama e Clinton. E se Obama ganha New Hampshire...Nas sondagens ainda está atrás de Clinton. Mas nos mercados electrónicos, que já estão a reagir a Iowa, já está à frente.
- Nos Republicanos, McCain, que parecia perdido, pode voltar à lista dos favoritos com New Hampshire. Romney sofre uma derrota muito grave e acaba se não ganhar New Hampshire, o que é cada vez mais provável. Thompson já acabou. Huckabee já não é uma curiosidade. Giuliani em suspenso.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Over by Tuesday?

No Insurgente, duvida-se que na Super Duper Tuesday, o dia 5 de Fevereiro de 2008, se fique a saber o nome dos candidatos dos partidos Democrata e Republicano.

Não há dúvida que é possível que permaneça alguma incerteza depois desse dia. Nessa altura, terão sido realizadas primárias em apenas (este "apenas" devia ter aspas) 30 estados para o candidato Democrata e 28 para o candidato Republicano. "Apenas" 60% dos delegados estarão eleitos por essa altura. E nem todos estão comprometidos com um candidato. E as convenções terão "superdelegados", não determinados pelos resultados das primárias. Matematicamente, é claro que é possível que os nomeados só se conheçam na última primária, a 3 de Junho.

Mas é, claro, altamente improvável. Na era "moderna" das primárias (e na era "pós-moderna" das Super Tuesdays, que começou em 1988), houve apenas um caso onde uma candidatura (de um partido onde o incumbent não seja o candidato) não ficou decidida na Super Tuesday. Foi em 1988, precisamente, com Dukakis a emergir após resultados inconclusivos nos estados do Sul. Mas em 1992 decidiu-se Clinton, em 1996 Dole, e em 2000 Bush e Gore. Acresce a isto que, este ano, com o crescente frontloading, a Super Tuesday vai bater o recorde de número de estados onde se realizam primárias e de número de delegados eleitos. Ao contrário das primeiras Super Tuesdays, o menu de estados é muito diverso, e vai desde o Arkansas à Califórnia. Eu ficaria muito, mas mesmo muito, surpreendido se tudo não ficasse decidido aí.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Momento

Por estes dias, a leitura mais útil é o velhinho (1988) Presidential Primaries and the Dynamics of Public Choice, de Larry Bartels. Bartels mostrou pela primeira vez a importância do momento (o termo da Física, usado aqui num sentido figurativo) que os candidatos adquirem com os resultados das primeiras primárias. Segundo Bartels, os eleitores escolhem candidatos nas primárias na base da informação (em muitos casos reduzida) que têm sobre eles, das suas próprias predisposições e das suas expectativas sobre o desfecho do processo de nomeação. O primeiro e último pontos são cruciais. Os eleitores são estratégicos e, logo, escolhem entre candidatos próximos em relação às suas preferências mas também entre candidatos viáveis. E os eleitores sabem muito pouco sobre política (têm mais em que pensar) e, logo, usam os resultados das primárias como "heurística" para tomar decisões. Já na altura, Bartels criticava a possibilidade de que determinados candidatos insuficientemente conhecidos e testados ganhassem "momento" demasiado depressa (hoje, Obama, e ainda mais, Huckabee).

Jay Cost, no Real Clear Politics, tem um excelente artigo (em duas partes) sobre o assunto. Duas citações:

"The average voter pays little attention to politics, and so has little knowledge of it. This is how momentum can have such an effect. An electoral victory is big news to a voter who knows relatively little about the race. He undoubtedly hears about it, and so hears lots of positive information about the winner. As he did not know much to begin with, this information can be critical to his decision-making. Unsurprisingly, researchers have found that momentum can have its greatest effect on those who do not pay as much attention to the campaign."

"Clearly, the Republicans have no pre-election year frontrunner - like the Democrats in 1988. This means that momentum definitely could be a factor. As I said, we probably will not see the kind of successful slow-building momentum akin to what McCain almost had in 2000, though it is still possible. What is more likely is momentum that comes from a win in Iowa and/or New Hampshire - a candidate then uses those victories to launch himself beyond the rest of a lackluster field. "

O artigo de Jay Cost (que ainda há pouco tempo era um doutorando na Universidade de Chicago) é, de resto, um exemplo notável de como se pode trazer para o debate público e de forma compreensível mas rigorosa coisas bastante complicadas da bibliografia de Ciência Política.