sexta-feira, agosto 29, 2008

Parece que Hillary vai ter de continuar a dar uma ajudinha.

McCain Picks Palin. O primeiro passo para mostrar que não é igual a Bush.

Rescaldo da DNC

Não estou a inventar nada de muito original, apenas a sintetizar ideias de outros. A coisa parece estar assim:

1. O discurso de ontem de Obama foi mais concreto e menos vago e gongórico que o habitual. Ainda bem para ele. Um dos problemas de Obama é que começa a haver cansaço - pelo menos entre a opinião publicada, se bem que talvez ainda não entre os eleitores - de tanto brilhantismo retórico, tanto dom da palavra e tanto recurso às emoções. O discurso ajudou a corrigir isso. Os comentadores estão a reagir como previsto. Se calhar, para os eleitores não faz nem nunca iria fazer diferença. Mas condicionar o comentário político é importante.

2. A táctica dos Democratas parece definida. McCain é um cidadão respeitabilíssimo - todas as referências, TODAS as que lhe foram feitas nos discursos mais importantes começavam com um elogio - mas está do lado errado da História. Desde que entrou na campanha, as suas políticas são iguais às de Bush. Oito anos já chegam. The third time is not the charm. Etc. Até o Economist tem saudades do McCain dos velhos tempos, seja lá o que isso for.

3. Há quem ache que isto é um erro catastrófico para os Democratas e uma oportunidade para McCain. Basta negar e recordar o passado de oposição a Bush e à direita dos Republicanos, e toda a campanha de Obama cai pela base. Este "basta" é duvidoso. Vai haver uma altura em que McCain poderá dizer isso. Mas agora, com a Convenção Republicana, não é certamente. Mas talvez possa dizer pouco depois. Mais de 80% dos Republicanos já dizem que votarão McCain, o que sugere que a base está consolidada e que, depois da convenção, a viragem ao centro já é possível. O Tricky Dick é capaz de não estar a ver a coisa completamente mal.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Do que eu me fui lembrar

É certo que a estrutura de incentivos é muito diferente. O que está em jogo é infinitamente mais importante. O resultado é incerto. Bill e Hillary não precisam de manter facções para poderem negociar bons lugares no parlamento ou outros para si e para os seus correligionários. Mas ontem e hoje de madrugada, ao ouvir os discursos de Hillary e Bill Clinton, e muito especialmente esta cuidadosa encenação:


"With eyes firmly on the future, in the spirit of unity, with the goal of victory, with faith in our party and our country"

Lembrei-me de pessoas como Luís Filipe Menezes, José Pedro Aguiar Branco, Manuel Alegre, António Borges e muitos outros. A diferença é abissal.

quarta-feira, agosto 27, 2008

O estado da corrida americana

Hoje, no Público, Rui Tavares repete a ideia de que"McCain acabou de ultrapassar Obama nas sondagens". Eu percebo, assim como percebo as notícias dos últimos dias sobre o assunto. O que elas querem mesmo dizer é que agora há (e até há pouco tempo não havia) sondagens que colocam McCain na frente. Mas para termos isto em perspectiva, atenção ao seguinte:

1. Das últimas 20 sondagens - aquelas cujo trabalho de campo apanhou o mês de Agosto - apenas 4 colocam McCain na frente, enquanto duas outras dão um empate.

2. As empresas que têm dado vantagem a McCain - Gallup, Rasmussen, Zogby - têm, ao longo da campanha, exibido resultados abaixo da tendência para Obama.

3. Por esta altura, em 2004, mais de metade das sondagens colocava Bush à frente de Kerry. E em 2000, por esta altura, todas as sondagens colocavam Bush à frente de Gore.

Logo:

1. Não compensar um erro (a sobrestimação da vantagem de Obama que tem prevalecido no discurso mediático) com outro (a sua subestimação).

2. Tomar em conta que os fundamentals da eleição costumam ser melhores preditores do resultado final a médio prazo do que uma sucessão de sondagens com resultados altamente variáveis nos meses anteriores.

3. Tomar em conta que nada nesses fundamentals alguma vez sugeriu que a vantagem - real - dos democratas seria descomunal.

4. Finalmente, tomar em conta que se todas as eleições são únicas, esta é mais única do que as outras.

À memória de Pedro Ornelas

segunda-feira, agosto 25, 2008

Biden: reacções

Dos mercados electrónicos. Positiva:




Dos eleitores. Mixed (Rasmussen reports):
On the day that Barack Obama announced Joe Biden as his running mate, 39% of voters said he made the right choice. A Rasmussen Reports national telephone survey found that 25% disagreed and another 35% are not sure. Women are notably less enthusiastic than men—33% of women say Biden was the right choice while 27% disagreed. Men, by a 46% to 24% margin, said that Obama made the right choice. Biden is now viewed favorably by 48% of voters and unfavorably by 34%. Those figures reflect a slight improvement from Thursday night polling. He earns favorable reviews from 52% of men and 45% of women.
Just 16% of women have a Very Favorable opinion of Biden while 19% have a Very Unfavorable view.
Obama has struggled among older voters and that’s one area where Biden shines—60% of senior citizens have a favorable opinion of him.

quinta-feira, agosto 21, 2008

Zogby

"John McCain pela primeira vez à frente de Barack Obama", é notícia do Público que dá direito a primeira página. A sondagem é esta. É este o comentário do Pollster.com.

A irrelevância desta sondagem em si mesma não nega outra coisa, essa sim fundamental: McCain recupera terreno em relação a Obama nas últimas semanas.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Non sequitur

Uma coisa que demorei 38 anos para descobrir. No Continente, os panorama/vista/paisagem/passeio/caminho mais bonitos não são nunca os mais bonitos de Portugal. Nos Açores há sempre melhor.

sexta-feira, agosto 15, 2008

O nosso contributo para a silly season

O Sol destaca hoje um trabalho que fiz com o Luís Aguiar-Conraria, e que foi publicado pela IPRISVerbis. Pode ser descarregado aqui (.pdf). O working paper propriamente dito, um pouco mais extenso, está aqui (.pdf). Prevê, a mais de um ano de eleições, que o PS terá 38,4% dos votos nas eleições de 2009 (na pressuposição de um crescimento económico de 1% entre meados de 2008 e meados de 2009 e ausência de conflitos com Belém). Silly? Vocês dirão. Mas nós achamos que não.

Quem lê este blogue regularmente (sim, vocês os três) imagina como isto começou: a leitura de um número de uma revista dedicada a previsões das presidenciais americanas, um estímulo adicional e mãos à obra.

Obrigado ao Sol e ao jornalista Carlos Madeira pelo artigo cuidadoso, e ao Paulo Gorjão pelo convite.

domingo, agosto 03, 2008

Magalhães

Agradeço toda a atenção, e tal, mas é um bocado excessivo. Mas a grande vantagem é que é altamente improvável que gerações futuras de funcionários da Segurança Social me voltem a pôr o til no "e", como há dias na Loja do Cidadão. Só por isso, um grande bem-haja ao Plano Tecnológico.