quinta-feira, dezembro 23, 2010

Eurosondagem, 15-20 Dez, N=2052, Presencial

Cavaco Silva: 60%
Manuel Alegre: 30%
Fernando Nobre: 4,8%
Francisco Lopes: 4,5%
Defensor de Moura: 0,7%

Aqui, ou talvez aqui.

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Intercampus, 10-15 Dez., N=607, Tel.

Cavaco Silva: 64,3%
Manuel Alegre: 20,7%
Fernando Nobre: 5,5%
Francisco Lopes: 4,5%
Defensor de Moura: 1%

Aqui.

E obrigado aos comentadores que me ajudaram a corrigir um Francisco trocado por um Fernando. Peço desculpa.

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Natal é quando a Gulbenkian quiser

A Gulbenkian, ao abrigo de um programa de internacionalização das ciências sociais, concede todos os anos distinções para os dois melhores artigos de ciências sociais publicados ou aceites para publicação em revistas internacionais de referência escritos por jovens investigadores (idade inferior a 40 anos) que trabalhem em instituições portuguesas. Foi anunciado hoje que, este ano, um dos prémios foi para Nina Wiesehomeier, minha colega no ICS, pelo artigo "Presidents, Parties and Policy Competition", em co-autoria com Kenneth Benoit. E o outro, bem, o outro foi para o meu amigo LA-C, por este artigo. Este ano já não preciso de escrever carta ao Pai Natal.

P.S.- Obrigado ao Pedro, ao Miguel e ao Carlos.
P.P.S.- Acabo de descobrir que, em 2009, os prémios foram também ambos para a Ciência Política: para o Tiago Fernandes e para a Catherine Moury.

sábado, dezembro 11, 2010

As virgens e as domesticadas

Luis Queirós, fundador da Marktest, lança-me aqui um amistoso repto. Mas eu gostaria de comentar não tanto o repto mas sim - igualmente com amizade mas também com a seriedade que a coisa merece - o que é escrito no post. E infelizmente, acho que o post confunde muito mais do que clarifica.

Luis Queirós explica os já famosos 78,3% de intenções de voto para Cavaco Silva captados na última sondagem da Marktest ("possivelmente bem acima do que serão resultados nas eleições de Janeiro próximo", diz) com um fundamento, digamos, metodológico:

"Deixem-me explicar: nós trabalhamos com amostras virgens, sem vícios nem preparação prévia, e por isso captamos as mudanças como ninguém o consegue fazer. Isso tem um custo, pois onde nós temos 80% de recusas, outros apresentam 80% de respostas. Mas captamos a essência da “emoção” eleitoral, uma espécie de “flor do sal” da opinião pública. E, não raramente, elas funcionam como uma espécie de candeia que vai à frente, e que os outros acabam por seguir."

Eu acho que sei do que fala Luis Queirós. Mas a maioria das pessoas não saberá, pelo que este comentário só ajuda a lançar confusão. E ainda por cima, acho que LQ não demonstra nada daquilo que afirma. Vejamos, então:

1. Suponho que aquilo de que Luis Queirós (LQ) deverá estar a falar é de sondagens com taxas de resposta muito elevadas, que só podem ser obtidas - em estudos deste género - se as entrevistas forem tentadas não junto da população em geral mas sim de uma espécie de painel permanente, de maiores ou menores dimensões, de onde se seleccionam inquiridos de cada vez que se faz uma sondagem. Ou muito me engano - ele poderá corrigir-me - ou está a falar da Aximage. Vejam aqui: "A Aximage possui um sub-universo de cerca de trinta mil nomes com selecção aleatória estratificada assente em matrizes que cruzam região x habitat; sexo x idade x escolaridade x actividade; região x voto. A amostra desta sondagem obedeceu a técnica equivalente mas assente no sub- universo." E de facto, como seria de prever, a Aximage tem taxas de resposta muito altas junto deste "sub-universo" de indivíduos pre-seleccionados. 72%, no caso desta sondagem.

2. Se for disto que LQ está a falar, deveria então, creio, ter explicado melhor por que razão isto é uma amostra "com vícios". Claro que a aceitação por parte dos respondentes em fazer parte destes paineis pode significar que deixam de ser representativos da população. E claro que há "efeitos de painel", em que a reinquirição ou a mera pertença a esse painel pode reforçar a sua não representatividade. Mas há também vantagens neste procedimento, incluindo a possibilidade de contactar a amostra através de telemóvel e de garantir altas taxas de resposta. Muito depende, de resto, da forma como o painel terá sido escolhido. O da Aximage é, de resto, muito grande, limitando os riscos da reeinquirição sistemática. E achará LQ que as 807 entrevistas que a Marktest conseguiu fazer depois de ter tentado estabelecer 30750 contactos (não me canso de saudar a Marktest por esta transparência) conduziu a uma amostra "sem vícios"? Há aqui uma contraposição entre uma forma alegadamente "melhor" e uma forma alegadamente "pior" de fazer as coisas que me parece muito pouco fundamentada. Se fosse necessariamente como LQ diz, a YouGov estava bem arranjada.

3. Há, de resto, algo que LQ não menciona e que, à luz da sua explicação, permanece um enigma. Que eu saiba, as amostras seleccionadas pela Eurosondagem, pela Católica, ou pela Intercampus são, para usar a linguagem de LQ, tão "virgens" como as da Marktest. Ou seja, para cada estudo, é seleccionada uma amostra nova de entre números de telefone nacionais ou domicílios por caminho aleatório. E por que razão a Marktest terá apresentado um resultado de 78% para Cavaco Silva quando outras sondagens, em momentos próximos e com amostras igualmente "virgens", lhe dão intenções de voto entre os 57 e os 63%? A explicação improvisada por LQ para explicar os resultados da Marktest não colhe.

4. Mas LQ sugere também um carácter algo "especial" das sondagens da Marktest: "elas funcionam como uma espécie de candeia que vai à frente, e que os outros acabam por seguir." Será? Não foi assim em 2005. Nem me parece que tenha sido em 2006. Nem no referendo sobre a despenalização do aborto em 2007. Nem nas legislativas de 2009. Eu julgo, sem saber de ciência certa, que LQ se refere ao facto de, antes das Europeias de 2009, a Marktest ter sido a única empresa que colocou o PSD à frente nas intenções de voto. Mas se é isto, parece-me base muito limitada para sugerir que a Markest antecipa quaisquer tendências. De resto, como se vê por este quadro, mesmo no caso das Europeias de 2009, a alegada capacidade de "antecipar tendências" nuns casos coexiste com a incapacidade de as detectar noutros. Em suma, gostava que me mostrassem onde está a tal "candeia" a funcionar. Não a vejo. Vocês vêem? Ajudem-me a encontrar a luz.

É normal que, nos meses antes das eleições, haja uma dispersão considerável nos resultados das sondagens, que tenderá a diminuir com o tempo. Pode também suceder que, por razões metodológicas e sem qualquer intencionalidade política, os estudos de uma determinada empresa tendam a subestimar os resultados deste ou daquele partido enquanto que os de outra os sobrestimam. Em Portugal, esta demonstração está por fazer, apesar de muita conversa barata. Mas claro que pode suceder que esta ou aquela opção tenda a levar à subrepresentação ou sobrerepresentação de determinados grupos populacionais que, se tiverem comportamentos eleitorais diferentes dos outros, irão levar a que os resultados variem de empresa para empresa de forma sistemática. "House effects": isto está mais que estudado até à exaustão noutros países. E há, finalmente, erro aleatório. Mas LQ não fala de nada disto. Palpita-me que ele acha que Cavaco Silva terá um resultado acima dos tais 55 a 63% que as sondagens a que chama "domesticadas" - esta linguagem choca-me um pouco - lhe dão neste momento. Logo, 78%, "resultados disruptivos" e tal, são uma coisa bestial. Lamento, mas isto merecia outro cuidado.

Aximage, 5-7 Dezembro, N=600, Tel.

Com indecisos:
PSD: 39,8%
PS: 27,2%
CDS: 8,8%
CDU: 8,4%
BE: 7,4%
OBN: 5,4%
Indecisos: 3,0%

Com indecisos redistribuidos:
PSD: 41,0%
PS: 28,0%
CDS: 9,1%
CDU: 8,7%
BE: 7,6%
OBN: 5,6%

Aqui.